segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018

Cabo das Tormentas

A luz desvanece,
O calor aumenta,
A solidão partilhada toma o seu lugar predileto
E a besta sai do seu refúgio.

O Adamastor outrora derrotado
regressa para assombrar o navio solitário na nova penumbra.
O capitão grita o seu peito fora para o silêncio o ouvir.
As velas dançam com o riso do Monstro.

A chama congela,
As ondas embalam a noz impacientemente.
O choro mudo da criança é ouvido pelo surdo no penhasco.
O salto de fé acaba com a esperança de um dia poder voar.

O céu chora ao rir do pobre aventureiro.
O naufrágio está para breve,
mas o capitão fecha os olhos e acaba por sorrir.