quarta-feira, 6 de junho de 2018

Stop

Para tudo!
Estamos quietos,
a olhar um para o outro,
nada à nossa volta se mexe.
Respiramos em harmonia,
piscamos em conjunto,
parecemos um reflexo do que temos à nossa frente.
Um sorriso surge de cada lado da tela
e tentamos tornar isto no infinito.

Tic... tac...
Cabrão...
Estragou tudo outra vez.
O relógio tosse para chamar à atenção,
lembra-nos, como se fosse um ser superior,
que o tempo passa.
Vá lá, por favor, por uma só vez
deixa-nos ter isto!
Deixa-nos ter o nosso infinito!

Desviamos os dois o olhar,
suspiramos e pronto,
a magia desapareceu.
Olho para ti e vejo desilusão:
«Este não é o meu E viveram felizes para sempre
Pois claro que não é!
Nessas histórias não há nada depois!
Eles têm direito ao seu infinito,
ao seu beijo mágico, ao amor eterno.
Nós não.
Estamos presos a estes momentos que,
pelos vistos, te sabem a pouco.

Será que sabem a pouco?
Quer dizer...há malta que se ama...
Por que razão não podemos nós também fazer o mesmo?
Tu olhas para mim como se eu tivesse dito uma barbaridade,
mas só por um segundo.
Depois percebes que estava a falar a sério,
na minha loucura, claro.
«Está bem!»
O quê?!
Está bem?!
Aceitas isto assim?
Amor, carinho, afeto,
desilusão, tristeza, mágoa?
Tudo junto?
Não queres um conto de fadas?
Queres isto, algo real?

Eu fiquei com um ar de surpresa
enquanto à minha frente só via um sorriso à aproximar-se.
Os meus beijos sentiram os teus.
Bem, quem diria que pode ser tão simples.
Até gostava que fosse.
Mas acabei de acordar de um sonho,
percebendo que, afinal, ainda não estavas à minha frente a sorrir.