Numa manhã de outono,
Com o primeiro raio de sol,
Abriu-se, pela primeira vez, um bico maduro para cantar.
Entre ramos, ervas secas,
Papéis e plásticos incolores,
Abriu-se, pela primeira vez, um par de asas para voar.
Desprotegido, de tanto protegido,
Caiu e sentiu, pela primeira vez, a textura da terra.
O bico calou de medo,
O saltitar tornou-se espelho do nervo pulsante.
Até que, com um bater de asas desesperado,
Planou.
Saltou mais...
E voou.
Numa tarde de inverno,
Com o enésimo raio de sol,
Largou uma telha e voou.
Ainda hoje não sei se aterrou.