domingo, 11 de dezembro de 2016

O Amor é um campo de batalha

Ouvi um estrondo de uma granada a rebentar a alguns metros de mim e vi os meus companheiros desaparecer.
Via as balas a voarem por cima das nossas cabeças e olhava nos olhos dos poucos que ainda resistiam a meu lado e o olhar de todos dizia o mesmo - medo.
Eu tentava olhar por cima da barricada para ver o nosso inimigo mas só via uma sombra distante de onde «flashes» brilhantes surgiam, seguidos de projéteis reluzentes que planavam em direção aos nossos corpos protegidos apenas por sacos de areia... é estranho... no meio de tantos gritos e rajadas de tiros, ainda conseguia ouvir os sacos a esvaziar...
Aí apercebi-me que a proteção não iria durar muito mais tempo! Mas eu olhava e olhava e só via um oponente! Como é que ele nos fazia frente incessantemente?
O muro de sacos que me protegia desmoronou e eu corri  para me salvar. Naquele momento não vi os meus companheiros que foram tão apanhados de surpresa como eu, apenas fugi... Ou melhor...tentei fugir.
O sabor da terra chegou-me à boca e o cheiro a lama inundava o meu olfato, os meus ouvidos ficaram ocupados com um som agudo constante e nada via para além do branco mais puro que alguma vez vira. Só me faltava o tato, bem, esse estava ocupado com a dor, só sentia o meu braço direito que fora baleado pelo inimigo sombra! A dor surgiu e todos os outros sentidos desligaram.
Os poucos segundos que passaram duraram uma eternidade e quando me levantei consegui ver, finalmente, o nosso inimigo de forma clara. Vi o Amor à minha frente com um ar de troça por nos fazer sofrer. Eu fiquei ferido, mas não sucumbi como tantos outros. Decidi seguir em frente, enfrentando-o. Não me tentei desviar das balas, elas simplesmente não estavam destinadas a acertar-me. Mal cheguei a um palmo de distância do Amor disse-lhe seriamente: "Para mim chega, não vou sofrer mais, mostra-me o caminho." Ele riu-se, esticou o braço para as suas costas e eu segui o meu caminho para longe do campo de batalha. Quando já estava longe o suficiente do campo para não ouvir os seus horrores reparei que eu estava limpo e sem dores, como que purificado. Olhei para a frente e no meio do mato havia uma grande árvore com uma porta entreaberta, a qual abri. Por trás desta estavas tu... À minha espera. Posso dizer que encontrei felicidade e posso também dizer: "Querida, cheguei!".

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