sábado, 10 de junho de 2017

Nevoeiro Caseiro

Nevoeiro caseiro,
fumo que embacia a vista
mas aclara a mente,
deixa-me ver tudo em pensamento,
deixa-me compreender verdadeiramente.
Risos e histórias contadas à volta da mesa,
olhares partilhados,
magia do silêncio.
Compreensão obtusa,
algo demais,
mas não a mais,
algo confuso por ser novo,
por ser diferente,
por me deixar aqui,
assim, tão perdidamente,
perdido, mas indo à descoberta,
entrando pela porta, sem saber se é a certa.
Deixei-me disso,
de procurar certezas,
essa é uma obsessão que só traz tristezas.
Baseio-me agora noutra filosofia,
aquela de quem respeita e confia,
deixando ao acaso certo de cada um,
a reciprocidade do incomum.
Volto a mim,
na sala esbranquiçada,
vejo a tua face meio que apagada,
olhas para mim e dizes-me com um sorriso:
«Rapaz, dás-me cabo do juízo»
O normal seria «panicar»,
porém não larguei o meu olhar,
vi respeito e confiança nesse espelho,
que para os outros é baço,
mas que para mim é reconfortante,
tal como um abraço.
Sei que não preciso de ter algo para dizer,
a partir daqui é mais algo por fazer,
agir, contribuir, fazer-te sorrir,
essa é a certeza que me fazes sentir.

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