quarta-feira, 2 de agosto de 2017

Coincidências: magia real

Hoje quero desenvolver o misterioso tema das coincidências. Dependendo da perspetiva que temos em relação ao determinismo nas nossas vidas, as coincidências ganham ou perdem relevância. Se as nossas crenças se inclinarem mais para o determinismo, as coincidências são apenas um resultado curioso de uma linha de ação ou de acontecimentos pré-estabelecida. Caso acreditemos que temos uma maior liberdade e autonomia em relação às nossas vidas, a história é outra.

As coincidências, no segundo caso, acabam sempre por adquirir um lado mágico, algo que as faz parecer impossíveis, quando, na verdade, são situações altamente improváveis. Estas tais situações marcam-nos de tal forma que chegam a moldar o percurso das nossas vidas. Por exemplo: numa história de amor simplificada, uma mulher entra num café e senta-se a beber um café com gelo e sem açúcar enquanto relê o seu romance favorito; no mesmo café, numa mesa à frente desta mulher, encontra-se um homem que está a ler o mesmo livro e a beber o café do mesmo modo; quando ambos reparam um no outro consciencializam-se da coincidência que é aquela situação que dá início a uma relação para toda a vida. Claro que esta história é uma forma excessivamente romantizada de uma coincidência comum, mas serviu o seu propósito de demonstrar como estes episódios nos podem «trocar completamente as voltas».

Para além de poderem ser vistas como catalisadores de mudança, as  coincidências podem, também, ser consideradas a fonte de muito sofrimento. O mero acaso que pode levar à morte de alguém ou um outro acaso que leve ao surgimento de uma paixão unilateral são sementes de um sofrimento profundo, pois não existe uma causa compreensível para tal catástrofe e, como tal, nenhum agente culpabilizável que possa aliviar a dor.

Apesar do pessimismo que espelhei na minha abordagem até este momento, as coincidências são, contudo, altamente celebráveis. O mero acaso que levou a, na imensidão de um universo, existir vida num pequeno planeta «azul» é de louvar, ou ainda outras coisas que nos são mais próximas como a coincidência que é nós termos evoluído de modo a conseguirmos combinar emoções com pensamento racional e, principalmente, a magia que existe em encontrarmos, entre mais de 7 mil milhões de seres humanos, pessoas para amarmos durante toda uma vida.

Claro que as coincidências são igualmente capazes de nos trazer tanto alegria como tristeza, mas é no fator surpresa que está a sua magia.

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