domingo, 15 de outubro de 2017

Bip noturno

Ouço a vibração na madeira da cabeceira,
abro um olho cansado e estendo a mão.
A luz que pisca revela momentaneamente parte da minha mão,
eu esqueço o vibrar por um tempo e contemplo esta magia.
Apenas parte de mim é visível, contudo,
eu projeto o restante da minha mão na minha mente.
Do mesmo modo que eu projeto expetativas relativamente ao vibrar,
também projeto a minha ideia de mão no escuro da noite.
Eu rodo a mão, continuando a ver apenas parte da mão,
mas desta vez outra parte do mesmo todo.
Esta parte desilude-me face ao que eu projetara anteriormente e,
como mero paralelismo poético,
decido desiludir-me relativamente ao vibrar.
Pego no telemóvel e descubro a razão do meu acordar.
Uma mensagem espera ser lida.
Eu, ansiosamente espero que a mensagem seja uma resposta,
particularmente entusiasmada face a uma notícia por mim dada do passado dia.
Poucos segundos passam até a concretização da desilusão.
As minhas expetativas frustradas por algo tão mundano como um mensagem...
Esta é uma triste realidade.

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